Esperança


Sair do exílio que a solidão causa; sair daquele canto escuro onde o álcool nos agrilhoou e perante o desnorte em que dia após dia o desgosto da vida não vida nos vai mergulhando, conseguir agarrar uma réstia de esperança de vir a ter uma atitude que nos transporte para um mundo em que possamos ver o Sol, essa é a vontade soberana de nós alcoólicos que, por finalmente reconhecermos ter descido tão baixo na nossa degradação, esperamos um milagre que nos endireite as costas e nos faça olhar para nós como seres humanos, com toda a dignidade que isso acarreta.
À tendência do espírito para considerar como provável a realização do que se deseja
chama-se esperança.
A esperança que nos envolve quando, pela primeira vez, assistimos, com muito cepticismo, a uma reunião de Alcoólicos Anónimos e voltamos, uma e outra vez, com a sensação remota e dúbia que talvez seja este o caminho para a salvação. Não acreditamos!
Dizem-nos para trazer o corpo que a cabeça um dia vem e nós temos a esperança de
que seja verdade e que resulte.
É a esperança que nos faz não beber o primeiro copo.
É a esperança que nos faz ir praticando os “Doze Passos e as Doze Tradições”.
É a esperança de que melhoraremos o nosso comportamento para connosco e para
com os outros que nos faz voltar, metodicamente, ao Grupo de AA que escolhemos como grupo-base para a nossa recuperação.


António L., Área 7