Fazendo um inventário diário

Ao chegar ao fim de mais um dia e ao sentir a necessidade de analisar o meu percurso de hoje, lembrei-me de que, já quando estava a beber, fazia (ou pelo menos tentava fazer) inventários do meu dia. Fazia-os sempre no dia seguinte, em que, de uma forma mais ou menos dolorosa, tentava lembrar-me do que tinha feito e dito no dia anterior.

Entre o medo e o desconforto dos momentos em que não me lembrava de nada e a vergonha das asneiras da véspera, as conclusões eram sempre as mesmas: “Vítor, és uma grande porcaria”, dizia eu com todas as letras, quando acordava. Também dizia para mim mesmo que nunca mais me iria embebedar ou que nunca mais iria ao local onde tinha causado problemas. Mas tudo isto caía por terra com o primeiro copo e lá ia eu a toda a velocidade a caminho de  mais uma ressaca.

Hoje, em recuperação, chegar ao fim do dia e descobrir o que fiz de errado é uma bênção e também uma oportunidade que o meu Poder Superior  me dá para  evoluir. Graças a estes inventários tenho conseguido controlar alguns dos meus defeitos de carácter e com isso melhorar o meu comportamento, o que melhora também o meu bem-estar pessoal e familiar.

Infelizmente, ainda não consigo identificar todos esses defeitos devido à cegueira provocada pelo meu orgulho que não me deixa assumir de imediato alguns erros. Apesar de todos os meus defeitos não me vou autoflagelar. Para mim o importante é tentar ser hoje melhor que ontem e amanhã melhor que hoje.  Não busco a perfeição; isso fazia eu no meu activo e, diga-se de passagem, até tinha um comportamento "perfeito". Melhor dizendo, tinha o comportamento de um "perfeito"... idiota!

Vítor GS  - Área 2