Nós, os Agnósticos
Quando me disseram que a partilha escrita era também uma maneira de chegar ao alcoólico que ainda sofre, prometi a mim mesmo que iria escrever
Comecei por tentar abordar um assunto que eu sentisse ter sido importante na minha vida. No dia 7 de Março de 2014, entrei voluntariamente pela porta de AA em Almada. Foi sem dúvida alguma o passo decisivo para algo extraordinário que vem acontecendo na minha vida. Fui recebido de braços abertos por um grupo de pessoas em que na altura eu não tinha a mínima confiança, que me eram totalmente desconhecidas e que, para mal dos meus pecados, estavam sóbrias. Hoje posso afirmar que são as minhas melhores amizades.
Comecei a assistir às reuniões e a ouvir as partilhas dos companheiros e com elas compreendi que, se era grave a minha condição física, mais grave ainda era o meu lado espiritual. Os meus companheiros deram-me a conhecer os Doze Passos, algo necessário para combater a minha doença do alcoolismo.
Foi-me fácil fazer o primeiro Passo. Mas no segundo e terceiro Passos surgiu algo para o qual eu não estava preparado. Sendo agnóstico, foi-me difícil encontrar o Poder superior e empregar a palavra Deus como o concebemos. Onde me agarraria para sentir esse Poder superior? Senti que precisava da ajuda do meu padrinho e dos companheiros que sabiamente me aconselharam a ler o Livro Azul. Quando li o capítulo 4º, “Nós os Agnósticos”, compreendi rapidamente onde teria de me agarrar e que esse caminho me levaria à humildade, honestidade, gratidão e felicidade. Esse Poder superior que existe no grupo tem servido para mim como base para combater tudo de mal que possa aparecer na minha vida futura, não esquecendo que essa mesma base só é válida com os Doze Passos. Afinal ser agnóstico não é impeditivo de acreditar num Poder superior a nós.
Sabendo que a união do grupo, da qual me tenho valido, é importante para mim, cabe-me agora dar a conhecer AA a outros companheiros.
Eu acredito no Poder superior que é este grupo de pessoas maravilhosas.
Donato – A12