O DINHEIRO TRANSFORMAVA-SE EM VINHO

Desde que estou em Alcoólicos Anónimos, o meu interesse pela vida tem tido
outro significado. Antes era tudo um desgoverno. A nível financeiro tinha que
me remediar com cinco euros para tabaco, café e, claro, para o álcool. O resto
das tarefas que implicassem dinheiro era com a minha esposa, eu não era senhor
de andar com o cartão multibanco porque o dinheiro na minha mão transformava-se em vinho tinto ou qualquer outro tipo de bebida. E assim andava, sem dar um sentido prático á minha vida.
Não pretendo descrever aqui todas as insanidades cometidas. Mas devo salientar
que, desde o cair de mota, até ter que responder em tribunal por actos cometidos
fora do meu juízo normal, tudo foi motivo suficiente para viver revoltado. Para
agravar, ia somando promessas perante a minha família de que um dia beberia
normalmente.
Hoje, tenho consciência de que me tinha tornado um doente alcoólico. Como tal
terei que aceitar esta doença e ser responsável por a manter inactiva. Para isso só
tenho que continuar a frequentar as reuniões, para que assim possa estar em
contacto com os companheiros, principalmente com os mais novos e poder,
através de uma sã sobriedade, passar a mensagem e reforçar em mim que não
quero e não posso beber o primeiro copo. Se actualmente tenho emprego, mulher, filha, amigos e outras coisas boas da vida devo-o a ter aceite a minha impotência perante o álcool. Mas também e principalmente aos companheiros/as que “desnudaram” o seu passado e me fizeram acreditar que, pondo em prática algumas sugestões por eles já praticadas, seria possível viver e ser feliz, sem ter que andar sempre de copo na mão.

Assim, com enorme gratidão por toda a comunidade AA, agradeço e devo dizer
que já não estaria vivo se não fosse a boa vontade de todos aqueles que, com o
seu Serviço, mantêm os grupos abertos e assim dão uma oportunidade, a quem
procura ajuda, de encontrar um significado para viver.


Augusto - Área 7